Recentemente percebi um aumento da discussão quanto à homofobia nas redes sociais, motivadas pelas polêmicas manifestações de determinado candidato à Presidência da República. Por esse motivo, escolhi marcar meu retorno com este texto que escrevi há algum tempo. O tema geral é a mudança dos tempos, as novidades que a pós-modernidade nos traz nas mais diversas esferas nas famílias, nas relações, nas instituições, na própria fé e outros (são tantas que talvez nem caberiam neste espaço).
Eu venho observando nas redes sociais (virtuais e reais) as mais diversas reações em relação a essas mudanças, da aceitação radical à negação radical, de forma branda e violenta, são diferentes formas de manifestar opiniões.
Considero exageros sempre maléficos, como ditava o filósofo grego Aristóteles, o excesso ou a deficiência geram vícios, não virtudes, creio que pode ser aplicada aqui: não quero me posicionar aqui como pró ou contra aborto, casamento homossexual, eutanásia, cultura de massa e tantas outras discussões que afloram com essas novas gerações. Pelo contrário: quero achar o balanço, a estabilidade, através da compreensão de que os tempos mudaram, os tempos avançam e não somos capazes de segurar este fluxo, resta-nos apenas refletir quais as maneiras menos danosas para viver estas mudanças.
Enfim, já enrolei demais e, se não me segurar, vou acabar esquecendo de colar aqui a poesia. Espero que gostem.
Julgados
Onde estão
os versos sinceros?
Onde estão
as cartas de amor?
Diga a eles
que eu os espero
Num jardim
escasso de flor.
Diga aos
versos que as palavras mudaram,
Avisem ao
poeta que o amor saiu de moda,
Peça que
esqueçam o que compuseram,
Pois a vida
girou qual velha roda.
Manda dizer
que nasceu morango na jabuticabeira
E que as
ondas do mar não mais chocam,
Avisa que
esta não será a primeira,
Mas a última
das damas que choram.
Pergunte à
dama chorosa porque ela chora,
Se é pelo
cravou ou pela rosa.
Se ela te
responde, tens glória,
Mas o que
dirás, então, à chorosa?
Dirás que
rosa é rosa e cravo é cravo?
Que morango
não dá em jabuticabeira?
Acaso te
esqueces que um dia foste escravo
Daquela
velha e má conselheira?
Se está
errado, diga em que
E me prove
que estou enganado.
Tenho culpa
do sofrimento que vês
Antes do
trânsito em julgado?
Como
condenar um condenado?
Avise ao
poeta: as rimas mudaram.
Quem sabe um
verso desencantado
Não cure a
incerteza dos que a julgaram?
Nenhum comentário:
Postar um comentário