Hoje nós brasileiros encararemos nosso maior aliado e ao mesmo tempo maior inimigo: as urnas. Hoje é o dia em que nós somos convidados (leia-se convocados, obrigados, etc.) a comparecermos às nossas Zonas Eleitorais para ali exercer nosso papel de cidadãos deste Estado democrático, apertando uma série de números que culminará na eleição de nossos futuros governadores, presidentes, deputados estaduais e federais e senadores.
Um dia importante por sua graça e periculosidade. Um voto errado faz toda a diferença, pois fazemos parte de um grande sistema que envolve do mais pobre ao mais rico, do favelado ao morador de um condomínio de luxo, enfim, de todos nós, brasileiros e brasileiras.
O que eu queria realmente para hoje é aquele nacionalismo que presenciamos na Copa do Mundo, creio que ele combinaria mais com o dia de hoje do que com a derrota catastrófica da seleção brasileira para a seleção alemã, até porque ainda busco algo de realmente importante no caráter prático social que a seleção tenha feito por nós. Queria que nessas eleições, julgássemos candidatos como julgamos técnicos e jogadores de futebol, que possamos analisar sua performance em outras partidas, suas condições físicas e psicológicas para desempenhar esse papel importante: defender a camisa verde e amarela dos Poderes Executivo e Legislativo.
Se você sabe que seu "jogador" já perdeu várias partidas, usa algum "medicamento" ilegal pra estar lá e não consegue se encaixar com o padrão de qualidade da seleção, então, não o coloque lá dentro. Não cometa o erro do Felipão, porque pior que perder para a Alemanha, será perder mais quatro anos da nossa política nacional.
O poema de hoje se chama "O formigueiro". Quem me acompanha no facebook já deve conhecê-lo, pois o divulguei a pouco tempo lá, no entanto eu creio que ele combina perfeitamente com o dia de hoje. Então, com vocês a minha descrição de uma sociedade muito organizada: a comunidade das formigas!
O Formigueiro
A criança
criadora curiosa
Se levanta e
assenta pra avaliar
A válida
imagem
Da pequena
sociedade singular.
Formigas
formando seus pares,
Formigas que
formam um lar,
Formigas de
vários lugares
Formando em
seu laborar.
Rodeiam o Formigueiro-Estado,
Rodeadas de
pompa salutar,
As
formigas-soldados armados,
Preparadas
pra morrer ou matar.
Dormem sem
glórias ou honras,
Sonham com
formigas em suas camas...
Não sabem ao
certo a que horas
Serão
esmagados por honras e famas.
Exploradoras
saem trilhando,
Se achando
as formigas da história,
Expandindo
seus territórios
Tecendo
novas trilhas e glórias.
Desenvolvem
métodos e teses,
Tecendo
assim novas necessidades,
Tecnologias,
técnicas e antíteses,
Tão
necessárias quanto inúteis na verdade.
Formigas
operárias saem de madrugada,
Carregando
seus pesos pela sociedade,
Construindo
túneis, móveis e montes de nada,
Nem se
lembram se dormem cedo ou tarde.
Formigas buscando comidas,
Formigas parecendo escravas:
Trabalham pra salvar suas vidas
Ou pra engordar a rainha e suas larvas?
Formigas de sábado à noite,
Açucaradas e embriagadas:
Esquecem operários e açoites
Esquecem-se se são rainhas ou soldados.
Uma ou outra cria coragem:
Agride o destino com força,
Para que as outras ao menos tentem...
Mas formiga boa é formiga burra...
Quão louca é esta formiga:
Formiga nasceu para a trilha!
Pra que arrumar uma briga
Se todos são da mesma família?
E assim prossegue o formigueiro-Estado.
A rainha o observa do alto,
Cansada desse seu árduo fardo
De engordar-se do sacrifício de tantos.
Formigas morrem dia-a-dia,
As outras quase nem percebem,
Pois enquanto uma morria
O sistema a repunha imediatamente.
Porque o formigueiro não para.
O formigueiro persiste.
E a criança criadora curiosa observa
Essa sociedade que insiste.
Curiosa observa, se impressiona,
Observando por um longo segundo...
E ali, observando atenta, exclama
Que as formigas já dominaram o mundo.