domingo, 31 de agosto de 2014

Diálogo com meus versos


Jovem da comunidade N. Sra. de Fátima - Zona Rural de Porto Velho
Lembro que quando comecei a mostrar meus textos para os meus colegas de sala, lá pelo segundo ano do Ensino Médio, surgiam todo tipo de decodificadores e adivinhos, usando das mais minuciosas táticas para dizer o que estava por trás daqueles rascunhos que eu chamava de poesias e que mostrava, ou melhor, que acidentalmente foram vistos por alguns e espalhados pela sala.
Surgia de tudo: de apaixonado a louco, de gênio a adolescente iludido, sem contar os que me recomendavam ao psicólogo. Havia também os elogios, pois acabavam encontrando profundas reflexões filosóficas de boteco inseridas em versos e entrelinhas. E eu apenas ria por dentro, concordando às vezes, balançando a cabeça, enquanto pensava comigo: "De onde eles tiraram isso?"
O texto que trago hoje fala justamente sobre isso: o verdadeiro significado de nossas palavras, dos nossos versos, nossos cantos e nossas conversas. Espero que gostem e que façam suas interpretações, pois eu já tenho as minhas.

Diálogo com meus versos

Verso meu, me responda:
Que queres versando assim?
Verso que escrevo, diga:
Que dizes, versando, de mim?

Verso, poema e estrofe,
Por que se uniram neste complô?
Para dizer a um garoto que sofre
Que de algum modo inexiste a dor?

Verso meu, composto e escrito,
Responda-me, sei que podes,
Por que tudo isto?
Responda-me, tu me deves!

Verso, poema e rima,
Por que mesmo vos criei?
Para engrandecer-me, ficar por cima?
Ou nem sequer num motivo pensei?

Verso meu, poesia,
Se põe o sol, eu não poria...
Quem disse aonde foi
Achou sentido que eu não acharia...

Verso, poema,
Rima, estrofe,
Todas minhas poesias...
Todos meus, mas nada tinha...

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